*Artigo atualizado em 16/11/2021
Depois de abordar a visão dos consumidores e da área de recursos humanos, neste terceiro artigo sobre sustentabilidade o Capterra investiga os benefícios e os desafios que as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras enfrentam ao investir em medidas sustentáveis.
Sustentabilidade nunca esteve tanto em voga no ambiente corporativo: seja pelo aumento da disseminação das práticas ESG (sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance”; em português, “Ambiental, Social e Governança”; no link, conteúdo disponível em inglês) ou pela demanda dos consumidores por produtos sustentáveis –segundo uma pesquisa do Mercado Livre, entre 2017 e 2020 a oferta desses produtos no Brasil cresceu 198%.
Neste sentido, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras parecem estar acompanhando a tendência e, inclusive, já medem o esforço que empregam em sustentabilidade através da perspectiva do cliente.
De acordo com a terceira parte da série do Capterra sobre sustentabilidade, 71% das PMEs brasileiras avaliam o sucesso de suas ações sustentáveis através da satisfação do consumidor.
Para este estudo, o Capterra ouviu a opinião de 305 líderes ou donos de PMEs entre os dias 10 e 16 de agosto de 2021. Depois dos clientes, essas companhias também consideram a satisfação do empregado (54%) e a imagem da marca (49%) como indicativos de sucesso das ações sustentáveis.
A maioria dos investimentos estão direcionados a questões ambientais (70%), sendo que, entre as ações, a maioria promove a reciclagem de resíduos (66%), seguido pela implementação de softwares para reduzir o uso de papel (63%) e, em terceiro lugar, eliminação do uso de plástico ou redução do uso deles (60%).
Por outro lado, a defesa da diversidade e inclusão no recrutamento aparece apenas em quarta posição entre as práticas empregadas pelas PMEs. Tal dado não surpreende já que o investimento em ações sociais (58%) está significativamente atrás daquele empregado em causas ambientais.
Entretanto, o investimento em medidas de cunho social não pode ser ignorado. Só para se ter uma ideia, atualmente no Brasil:
- Apenas 30% dos cargos de gerência são ocupados por pessoas negras
- As mulheres ganham 77,7% do salário dos homens
- Apenas 15% dos profissionais LGBT abordam sua orientação sexual ou identidade de gênero com a sua liderança
Para equilibrar o investimento nesta área, além de promover medidas de conscientização para tornar o ambiente de trabalho mais igualitário, os setores de recursos humanos (RH) podem contar com o uso de software de recrutamento para ajudar na organização de processos seletivos sem vieses.
Pertencer a uma causa é o principal benefício ao investir em sustentabilidade
Quando se trata do investimento em causas sustentáveis, é comum surgir discussões sobre “greenwashing” –quando as empresas apoiam movimentos sociais com o único objetivo de autopromoção. No entanto, a maioria das PMEs entrevistadas pelo Capterra declarou que escolhe investir em sustentabilidade para fazer parte de uma causa positiva (55%). Apenas em segundo e terceiro lugar entram questões relacionadas ao retorno financeiro: por economia de energia (46%) e por economia de dinheiro (37%).
Neste sentido, os consumidores brasileiros compartilham da mesma impressão. Na primeira parte da pesquisa do Capterra sobre sustentabilidade, 61% disseram acreditar que o objetivo das companhias com essas campanhas é promover a mudança. Em outros países analisados pelo Capterra, os consumidores não são tão entusiastas dessa impressão, como na Holanda (33%) e no Reino Unido (38%).
Já quando as PMEs identificam os principais ganhos como resultado do investimento em sustentabilidade, o cenário se inverte um pouco. A maioria define como o principal benefício da sustentabilidade a economia de gastos (66%), seguido pela mudança positiva na reputação da marca (53%) e, então, o aumento da moral interna (42%).
Investimento financeiro é a principal barreira da sustentabilidade
No geral, as PMEs brasileiras destinam de 6% a 10% de incentivos para a sustentabilidade. Foram 35% que selecionaram esta opção. A minoria são os que investem até 1% –são apenas 7% dos entrevistados.
Também, 8 de cada 10 empresas entrevistadas tomam essa ação por conta própria, ou seja, não recebem financiamento nem ajuda governamental para colocar em prática as medidas de sustentabilidade.
E a falta de incentivo financeiro acaba sendo a principal queixa das PMEs sobre as dificuldades em relação à implementação da sustentabilidade, segundo a percepção dos líderes entrevistados.
Embora a maioria (30%) indique que não há desvantagens em investir em sustentabilidade, há 25% dos entrevistados que levantam os altos custos dessa operação e a necessidade de mudar o modelo de negócios para cumprir os objetivos sustentáveis (20%).
67% usam softwares para apoiar ações de sustentabilidade
A pesquisa do Capterra indicou que 6 de cada 10 empresas utilizam softwares para apoiar a empresa em ações sustentáveis; somente 33% disseram que não usam a tecnologia para colaborar com a implementação de medidas sustentáveis.
Os softwares mais utilizados pelas empresas são softwares de gestão de resíduos (52%), que ajudam no gerenciamento de estoques, por exemplo. Em seguida, também houve muitas empresas que relataram o uso de softwares de relatórios e análises (48%) e softwares para trabalho remoto (45%).
A maioria acredita que o software ajudou na organização de ações sustentáveis (62%), depois creem que ajudou a economizar dinheiro (61%) e ajudou a economizar tempo (55%).
Maioria já tinha ações de sustentabilidade antes da pandemia
Já que a pandemia de COVID-19 mudou muitas práticas corporativas, o Capterra quis investigar se a crise sanitária influenciou na guinada sustentável das PMEs.
Entretanto, o levantamento mostra que 8 de cada 10 empresas já possuía práticas sustentáveis em vigor antes da crise sanitária. Somente 16% não contava com nenhuma prática de sustentabilidade.
Mesmo assim, houve quem investisse em novas medidas após o início da pandemia: 47% dos entrevistados declararam que as medidas sustentáveis aumentaram com a crise. Já 30% disse que as medidas não foram afetadas e apenas 18% disseram que diminuíram as ações com a crise.
Daqueles que aumentaram as ações após a pandemia, as medidas ambientais (74%) foram o principal setor de aumento do investimento. Após o fim da pandemia, a maioria (76%) planeja manter as medidas em vigor, sendo que 22% pretende manter e ainda investir em outras medidas.
Sustentabilidade é um diferencial competitivo
Para PMEs, investir em sustentabilidade é importante por diversas razões: atrai mais consumidores, melhora a reputação entre funcionários e, especialmente, ajuda a promover uma sociedade mais justa e a cuidar do meio ambiente.
Empresas que ainda não fazem esse tipo de investimento devem ficar atentas a empregar medidas sustentáveis já que o futuro parece ser próspero para as PMEs que o fazem.
Nos próximos 18 meses, 57% dos respondentes pretendem continuar fazendo gestão de resíduos de produtos e 57% pretendem seguir investindo em reciclagem. Também é importante destacar que 45% querem reduzir a pegada ecológica e a mesma porcentagem pretende fornecer material responsável.
Para atingir novas metas, o uso de tecnologias como software de sustentabilidade, ferramentas de controle de emissões e softwares de seleção e recrutamento podem ser determinantes.
Metodologia
Para reunir os dados presentes neste estudo, o Capterra realizou um levantamento online entre os dias 10 e 16 de agosto de 2021 em que ouviu 305 profissionais que trabalhavam parcial ou integralmente em pequenas e médias empresas, de 2 a 250 funcionários, de diferentes setores de todo o País. Os entrevistados deveriam ser proprietários das empresas ou deveriam ocupar cargos de gerência. Já para a primeira parte da pesquisa, focada em consumidores, foram ouvidas 703 pessoas no Brasil, 958 na Holanda e 703 no Reino Unido. Os resultados são representativos da pesquisa, mas não necessariamente da população como um todo.