Após abordar a opinião dos consumidores acerca do uso de tecnologia para o processo de visita em imóveis, o Capterra reúne nesta segunda parte do estudo algumas das principais tendências do mercado imobiliário. Ao tomar conhecimento do comportamento de compradores e locatários, as empresas do ramo podem criar estratégias para atuar em uma área que se mostra cada vez mais digital.
Neste artigo
Os consumidores que estão atrás de imóveis para alugar ou comprar parecem já ter deixado de lado os tradicionais classificados em jornais para fazer sua busca através de marketplaces imobiliários.
Pelo menos é o que aponta pesquisa do Capterra, com foco nas tendências do mercado imobiliário, realizada entre os dias 28 de janeiro e 8 de fevereiro com 1.000 consumidores de todas as regiões do país (confira a metodologia completa no final do texto)
O estudo mostrou que a principal plataforma utilizada pelos brasileiros na procura de imóveis são os marketplaces: 37% dos consumidores usaram esse tipo de sistema.
O que é um marketplace imobiliário?
O marketplace imobiliário é uma plataforma digital que conecta compradores ou locatários a ofertas de imóveis compartilhadas por agências imobiliárias ou diretamente pelos proprietários de imóveis.
Ao usar este tipo de plataforma, as agências imobiliárias conseguem mais visibilidade e ampliam a divulgação de seus imóveis. O uso de um software de CRM para imobiliáriaajudam a enviar automaticamente as informações dos imóveis presentes no inventário para os portais imobiliários.
Da parte dos consumidores, ao usar marketplaces, é possível empregar filtros de segmentação para realizar suas buscas, visualizar imóveis de diferentes agências ou proprietários e comparar preços, com a possibilidade de contatar a agência imobiliária por meio do próprio marketplace.
Depois das plataformas de marketplace, aparecem as imobiliárias digitais, que foram a escolha de 21% dos entrevistados como canal consultado na busca por imóveis. Veja o comparativo entre as modalidades no gráfico abaixo:
As imobiliárias digitais são agências que existem apenas no ambiente online. Normalmente estão associadas ao termo proptech, que se refere a empresas do ramo imobiliário que aplicam tecnologia para criar experiências distintas no processo de compra, venda e aluguel de imóveis.
No oposto, a pesquisa indica que são minoria os que consultaram uma agência imobiliária física (7%) ou um corretor de imóveis independente (3%); dessa maneira, evidencia-se que há uma nova forma de pesquisar imóveis, exigindo que empresas tradicionais adaptem sua estrutura para funcionamento online.
Elementos visuais estão entre os que mais chamam atenção no online
O relatório do Capterra aponta que, para destacar sua presença online, as agências devem investir em elementos visuais.
Isso porque, em marketplace ou agências imobiliárias digitais, o principal elemento analisado pelos respondentes que utilizaram essas plataformas foram as imagens (86%), depois são as descrições (76%) e então os tours virtuais (49%).
Em seguida, ao avaliar a importância de cada elemento disponível em um marketplace ou agência imobiliária online, quem usou esse tipo de sistema novamente citou as imagens da propriedade (92%) –destaque também para a proteção de dados, que falaremos mais adiante–, ficando na frente de recursos como filtros de pesquisa e lista de imóveis disponíveis.
No gráfico abaixo, confira os itens mais importantes segundo os consumidores que usaram essas plataformas em suas buscas por imóveis:
Maioria das buscas são feitas por aplicativos
Os aplicativos parecem estar se consolidando como um elemento presente na busca por imóveis. No estudo do Capterra, dois terços dos entrevistados (67%) usaram um aplicativo de celular de marketplace imobiliário ou agência imobiliária online para realizar a sua busca.
Esse número reduz entre os que usaram um aplicativo de uma agência imobiliária física para buscar imóveis; no caso, apenas 21% utilizaram uma aplicação desses estabelecimentos.
Daqueles que usaram aplicativos, a maioria (74%) declarou que a navegação por essas plataformas é mais fácil do que no site, e 59% disseram que valorizam o recebimento de notificações sobre novos anúncios de imóveis.
Proteção de dados é uma importante preocupação
Juntamente das imagens do imóvel, a proteção de dados dos clientes apareceu como um dos itens mais importantes (92%) ao pesquisar um imóvel em marketplace ou agência imobiliária.
Anteriormente, na pesquisa do Capterra sobre cibersegurança, entre os entrevistados, 67% dos brasileiros se mostraram muito preocupados com o tema, motivados pelo aumento de casos de fraude digital e a série de vazamentos de dados pessoais no Brasil; interessante notar que a preocupação se mantém presente mesmo se tratando de um nicho.
Para agendar uma visita ou contatar um anunciante por meio dessas plataformas, no geral, é necessário que os clientes compartilhem dados como nome, e-mail e telefone; em alguns casos, também é solicitado o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF).
Com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), as agências imobiliárias também precisam salvaguardar os dados de seus clientes, já que costumam tramitar documentos importantes, como comprovante de rendimentos.
Vale lembrar que, até junho de 2021, somente 3 de cada 10 pequenas e médias empresas (PMEs) acreditavam estar totalmente adequadas à legislação. Ferramentas como softwares de cibersegurança, sistemas de segurança de rede ou softwares de gestão de vulnerabilidades ajudam a criar uma operação segura nessas empresas.
Quase metade assinou digitalmente documentos da transação
As assinaturas digitais, que são uma versão online da própria firma realizada em punho, já são uma realidade em transações do mercado imobiliário, de acordo com o estudo do Capterra. Isso porque 46% dos entrevistados declararam que assinaram online alguns ou a maioria dos documentos referentes ao imóvel que adquiriram ou alugaram.
Os dados também apontam que foi maior a quantidade de compradores de casas ou apartamentos que assinaram a maioria dos documentos online (52%); porcentagem que para inquilinos não chega a 24%, por exemplo.
Alguns contratos da relação de compra e venda podem ser firmados eletronicamente, como contratos de listagem, contratos de compra e venda, escritura, além de documentos mais específicos, como vistorias e contratos de seguros ou crédito –desde que se respeite as especificidades de cada contrato e as diretrizes da Infraestrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil).
Como assinar documentos digitalmente
Um programa de assinatura digital é a ferramenta que faz a intermediação para que as partes possam firmar documentos à distância. Uma maneira de implementar esses programas em uma agência imobiliária é optar inicialmente por um programa de assinatura digital grátis para testá-lo e avaliar a recepção dos clientes com esta modalidade.
Vale assinalar que a escritura de compra e venda de imóveis é uma prática regulamentada nacionalmente, que ganhou força com a presença de plataformas como o e-Notariado, uma plataforma que permite acessar serviços de tabelionato a distância.
No entanto, não foi por aversão ou desconfiança à tecnologia que motivou as pessoas a deixar de assinar documentos eletronicamente. Segundo o relatório do Capterra, 46% consumidores não assinaram digitalmente seu contrato porque não foi possível e apenas 8% porque não quiseram.
Ainda, aprofundando-se na questão, o Capterra investigou a percepção dos consumidores e inquilinos no quesito preferência por tipo de assinatura, conforme relatado abaixo:
- 28% preferem assinar digitalmente
- 34% preferem assinar com caneta e papel
- 38% preferem qualquer uma das duas maneiras
O resultado aparece bastante equilibrado, mostrando pouca diferença percentual entre a preferência por assinaturas digitais ou tradicionais.
Assinatura física e digital já são vistas com o mesmo valor
Cerca de dois terços dos entrevistados (69%) declarou que atribui o mesmo valor a uma assinatura digital e a uma assinatura analógica (por caneta e papel).
Se por um lado a assinatura digital já é bem vista entre os signatários, em termos de preocupação com a segurança de dados pessoais, a preocupação se mantém em alta. Segundo o estudo, 9 de cada 10 entrevistados se declararam preocupados, em algum nível, com a segurança dos seus dados ao assinar digitalmente.
Dos que se preocupam, 57% se disseram muito preocupados e 35% se disseram um pouco preocupados. Apenas 8% dos entrevistados se sentem despreocupados em relação ao tema.
Dica de especialista
Para transmitir confiança em trâmites que incluam a assinatura eletrônica de documentos, é importante que as agências imobiliárias esclareçam aos consumidores, em FAQs ou outros pontos de contato com os clientes, temas relacionados ao processo de firma online, à validade jurídica da transação e à segurança digital dos documentos.
Meio ambiente pesa na decisão por um imóvel
Sustentabilidade também parece ser um item em alta no mercado imobiliário. Pesquisa anterior do Capterra sobre o tema já havia sinalizado que 78% dos consumidores levam em conta a sustentabilidade ao escolher produtos ou fornecedores. Naquele momento, apenas 22% (dos 703 respondentes) disseram que a sustentabilidade influenciava aquisições no mercado imobiliário.
No entanto, a pesquisa do Capterra focada em mercado imobiliário apresenta outro cenário, uma vez que 8 em cada 10 respondentes disseram avaliar recursos sustentáveis ao alugar ou comprar um imóvel.
Os itens mais importantes analisados por esses consumidores atentos ao meio ambiente são eficiência energética, uso inteligente de água e proximidade com transporte público.
O resultado não surpreende. Na questão da energia elétrica, o preço da tarifa residencial aumentou 82% em 10 anos, com o Brasil sendo um dos países com a tarifa energética mais cara do mundo. Já quando o assunto é água, o Brasil vem sofrendo com a escassez desse recurso que leva a situações de racionamento, que pode ainda se agravar no futuro com a crise climática.
Por fim, em relação ao transporte, estudos indicam que o brasileiro gasta cerca de 1h20 no trânsito, com um gasto médio mensal com carro que pode chegar a R$ 2.090,58 –atualmente o salário mínimo no Brasil é de R$ 1.212,00 por mês.
Como valorizar questões sustentáveis na hora de anunciar um imóvel
Esclareça pontos como a existência de solarium, área verde, rampas de acesso, jardim, coberturas vegetais, chuveiro a gás, etc. Além disso, se houver descontos em tributos por conta de práticas sustentáveis, também é importante destacá-los nos anúncios –atualmente tramita no Senado a criação de um IPTU verde–, bem como citar certificações como AQUA-HQE, Selo Casa Azul ou Procel Edificações, se for o caso.
Além disso, 71% dos entrevistados disseram levar em consideração riscos ambientais no processo de busca por um imóvel.
Embora o País não registre terremotos e outros fenômenos semelhantes, o Brasil está à mercê de catástrofes ambientais como enchentes, que têm registrado um aumento causado por chuvas mais intensas, e queimadas causadas por estiagem, que podem desencadear problemas respiratórios a longo prazo
Com todos esses riscos levantados, pode estar havendo uma influência nas pessoas e sua percepção em relação às áreas em que podem morar.
Conclusão
Agora que você já conhece algumas tendências do mercado imobiliário e sabe um pouco mais sobre o comportamento de compradores e locatários, o próximo passo é adaptar a sua agência imobiliária para manter uma presença de qualidade no ambiente digital.
Isso ajudará as suas propriedades a serem descobertas com mais facilidade por potenciais clientes, além de colaborar para que suas propriedades se destaquem em relação a outras, se você optar por divulgar anúncios em marketplaces imobiliários.
Metodologia
Para reunir os dados presentes neste estudo, o Capterra realizou um levantamento online entre os dias 28 de janeiro e 8 de fevereiro de 2022 em que ouviu 1.000 pessoas acima de 18 anos, de diferentes faixas de renda (até 1 salário mínimo, de 1 a 3, de 3 a 7, de 7 a 15, de 15 a 20 e mais de 20) e de todas as regiões do país. Os entrevistados deveriam ter comprado ou dado início a um contrato de aluguel de uma casa ou apartamento nos últimos três anos. O painel contou com a participação de 54% dos entrevistados que se declararam como compradores e 46% que se declararam inquilinos. Os resultados são representativos da pesquisa, mas não necessariamente da população como um todo.
NOTA: Este artigo pretende informar nossos leitores sobre temas relacionados a atividades empresariais no Brasil. Não se destina, em nenhum caso, a fornecer assessoramento jurídico nem a incentivar uma tomada de ação. Para aconselhamento sobre sua situação específica, consulte seu assessor jurídico